Cabotagem e Descarbonização: Oportunidades e Desafios para o Transporte Marítimo Brasileiro
A transição energética no transporte já começou — e a cabotagem pode ser peça-chave nesse novo cenário. Mas como equilibrar inovação, competitividade e sustentabilidade?
O que está em jogo?
A descarbonização do transporte marítimo deixou de ser uma tendência e passou a ser uma exigência global. Segundo a IMO (Organização Marítima Internacional), o setor responde por cerca de 2,89% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, e medidas mais rígidas para reduzir esse número já estão em andamento.
A partir de 2027, o transporte marítimo passará a sofrer penalidades financeiras progressivas por suas emissões. Isso impacta diretamente a cabotagem brasileira, que, apesar de emitir cinco vezes menos CO₂ por tonelada-quilômetro do que o modal rodoviário, será o primeiro a arcar com os custos da transição.
O paradoxo ambiental e logístico
O Brasil tem um problema estrutural: dependência do transporte rodoviário, responsável por mais de dois terços da movimentação de cargas no país. Se a cabotagem — um modal mais limpo — sofrer aumentos de custo antes do rodoviário, pode ocorrer uma regressão logística: cargas voltando para o caminhão, o que é ruim para o meio ambiente e para a eficiência econômica.
Essa assimetria precisa ser corrigida com políticas públicas equilibradas, incentivos e planejamento estratégico.
As oportunidades do Brasil na transição energética
Apesar dos desafios, o país também tem vantagens únicas:
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Potencial de produção de biocombustíveis como etanol, biodiesel e biogás
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Base industrial para desenvolver embarcações mais eficientes
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Cadeia produtiva e tecnológica que pode ser reativada com investimentos em infraestrutura, certificação e retrofit da frota
Com articulação entre governo, setor produtivo, institutos de pesquisa e financiamento, o Brasil pode liderar soluções limpas no transporte marítimo.
O que o Brasil precisa fazer?
Para que a cabotagem cumpra seu papel como modal logístico estratégico e sustentável, é necessário:
✔ Um plano nacional de transição energética marítima
✔ Condições regulatórias e econômicas que preservem a competitividade
✔ Investimento em portos, embarcações e terminais sustentáveis
✔ Incentivos financeiros para adaptação da frota e estrutura logística
✔ Apoio à indústria naval brasileira, com foco em inovação e sustentabilidade
Conclusão: cabotagem como ativo ambiental e logístico
A descarbonização é inevitável. O que está em jogo é como o Brasil vai conduzir esse processo. Com estratégia, dados e investimentos, a cabotagem pode ser um dos maiores ativos para um transporte mais limpo, eficiente e integrado. Sem planejamento, o risco é perder competitividade e comprometer um setor que deveria estar no centro da transição.
Na Great Cargo, acreditamos que a logística sustentável começa com decisões inteligentes. E a cabotagem está pronta para ser protagonista nessa jornada.